João Gilberto e a insurreição bossa nova: outros lados da história

Dizem os versos de Vinicius: “Chega de saudade/ a realidade é que sem ela não há paz/ não há beleza/ é só tristeza e a melancolia/ que não sai de mim/ Não sai de mim, não sai”. Apesar da estrutura tradicional da composição, a gravação lançada em agosto de 1958 por João Gilberto, com sua emissão minimalista, de barítono propositivo, mas discreto, levemente anasalada e andrógina, iria provocar uma hecatombe no acomodado mercado da época, e iniciar oficialmente a insurreição bossa nova. Tudo em apenas 1 minuto e 59 segundos.

(Trecho do livro)

A partir da fusão do samba com o jazz, resultado da obra do pianista, compositor e cantor Johnny Alf, a bossa nova começou a ganhar forma através das lapidações de gente como João Donato, Tom Jobim, Newton Mendonça, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Oscar Castro Neves, Luís Bonfá e, obviamente, o farol do movimento, João Gilberto. A batida diferente daí resultante tomou de assalto o planeta, influenciando do jazz ao pop. Neste livro, Tárik de Souza desconstrói preconceitos, esquadrinha o pluralismo da bossa e seus praticantes em todos os quadrantes – e desvenda outros lados dessa história, que ele vivenciou e documentou em mais de meio século de jornalismo.